No ano de 1887 se oferece ao Menino
Jesus para ser seu brinquedo (A 64r), desejando abandonar-se sem
reservas à sua misericórdia. Isto ocorre por ocasião da célebre
audiência com o papa Leão XIII. Teresa esperava que o papa autorizasse
sua entrada imediata no Carmelo, apesar da pouca idade. Enorme decepção!
Recebe palavras ternas e não a resposta desejada. Por isso não fica
perturbada. Não havia se oferecido para ser a "bolinha" de Jesus e não
dissera que ele poderia fazer o que quisesse com ela?
A
partir do dia 9 de abril de 1888, data de seu ingresso no Carmelo de
Lisieux, Teresa pode, finalmente, realizar seu sonho de menina: assina
suas cartas durante todo o postulantado como "Teresa do Menino Jesus"
(Ct 46-79). No dia 10 de janeiro de 1889, dia em que recebe o hábito,
assinará pela primeira vez "Irmã Teresa do Menino Jesus e da Santa
Face", que será seu nome definitivo de Carmelita (Ct 80). Quando entra
na clausura, a primeira coisa que lhe chama a atenção é o sorriso de seu
"Menino cor de rosa" (A 72v), que a acolhe. Ela se encarregará de
colocar-lhe flores desde a Natividade de Maria: "era a Virgenzinha
recém-nascida que apresentava sua florzinha ao Menino Jesus". (A 77r).
Teresa dedica muitas poesias, recreações
piedosas e orações ao Menino Jesus, ao mistério do Natal e aos
primeiros anos da infância de Cristo. No dia 21 de janeiro de 1894 cria e
oferece à Madre Inês, em sua primeira festa como priora, uma pintura a
óleo do Menino Jesus, a que intitula como "O sonho do Menino Jesus".
Este quadro mostra o Menino Jesus de olhos abaixados, brincando com as
flores que lhe são oferecidas. Ao fundo aparece sob a claridade da lua a
Sagrada Face debaixo da cruz e cerca dos instrumentos da paixão. Em uma
carta enviada no mesmo dia (Ct 156), Teresa comenta seu quadro: longe
de temer os sofrimentos futuros, o Menino Jesus conserva um olhar sereno
e até sorri, pois sabe que sua esposa (Irmã Inês) permanecerá sempre ao
seu lado para amá-lo e consolá-lo. Quanto aos olhos baixos, estes
mostram sua atitude quanto à própria Teresa: "Ele está quase sempre
dormindo". Neste último detalhe já vislumbramos uma prefiguração da
grande prova de fé que irá acompanhá-la em seus últimos dias.
Nos finais de 1894, a jovem carmelita
descobre sua "Pequena Via". A infância espiritual do cristão, feita de
confiança e abandono, deverá se moldar na própria infância de Jesus, em
seu caráter de Filho, tão particularmente representado nos traços de
sua infância. No dia 7 de junho de 1897, Teresa se deixa fotografar,
tendo nas mãos as estampas do Menino Jesus e da Sagrada Face. Sobre a
imagem do Menino Jesus, conhecido como "de Messina", Teresa copia o
versículo de Pr 9,4: "Quem for pequenino, venha a mim".
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