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DOM MILTON


 

OLHAR EPISCOPAL - EDIÇÃO 12 ÊXODO: UMA EXPERIÊNCIA DE FÉ (Ex 15,22 - 18,27) por dom Milton Kenan Junior




Durante este mês de Setembro, muitas comunidades espalhadas pelo Brasil a fora, tomam em suas mãos alguns capítulos do Livro do Êxodo (15,22 - 18,27), para refletir e rezar sobre sua própria história e caminhada.

Na verdade, a experiência de Israel, que saindo da dura servidão no Egito percorre o deserto rumo a Terra Prometida, não é significativa apenas para os judeus, mas também para nós, cristãos.

Na leitura do Livro do Êxodo, uma primeira consideração importante é o fato de que unido ao desejo de alcançar a Terra Prometida, onde Israel poderá finalmente gozar de liberdade e independência, está o desejo de “servir a Deus”. A ordem que Deus transmite ao Faraó por meio de Moisés é: “Deixai partir o meu povo! Para que me sirva no deserto!” (Ex 7,16). Ao todo são quatro vezes que essas palavras se repetem (Ex 7,26; 9,1; 9,13; 10,3), demonstrando a importância do argumento.

O que se tem em vista não é somente a conquista da Terra Prometida, mas a possibilidade de servir a Deus como Ele quer ser servido. Israel parte, não para ser um povo como um outro qualquer, mas para servir a Deus. A meta que quer alcançar é a montanha de Deus, até então desconhecida, para nela poder servir o Senhor.

Alguém poderia dizer que esse argumento fora utilizado por Moisés como estratégia para tirar o seu povo da dominação de Israel. Mas, acompanhando a longa caminhada do povo pelo deserto compreende-se que terra e culto estão intimamente ligados. A terra sonhada e esperada por Israel será a terra destinada ao serviço do Senhor, onde o povo que nela reside poderá viver como Deus deseja, na liberdade e na justiça.

No Sinai, porém, Deus dá ao seu povo não só as cláusulas da Aliança (os dez mandamentos), mas as normas que devem reger o culto a ser-lhe oferecido (cf. Ex 20, 1-17; 24). Vida e culto estão intimamente ligados! Como diz Santo Irineu: “A glória de Deus é o homem vivo; a vida do homem significa olhar a Deus”.

Essa constatação nos faz ver que o culto que Deus deseja do seu povo não se limita a gestos rituais (embora não prescinda deles), mas envolve toda a vida. A vida vivida na fé, na liberdade e no amor é a liturgia querida de Deus para o seu povo, em razão da qual Ele lhe dá a Sua Terra.

Um segundo aspecto que merece a nossa atenção é a experiência do deserto.  No comentário que faz ao texto, na “Bíblia do Peregrino”, Luís Alonso Schökel chama atenção ao fato de que o deserto é o “lugar desamparado, que reduz o povo às necessidades elementares da subsistência e o põe à prova, para que conquiste a partir de dentro a liberdade que lhe foi dada. Tempo intermédio de dilação, para forjar a resistência e cultivar a esperança, para viver da promessa depois de ter experimentado o primeiro favor”, ao mesmo tempo: “Também essa etapa se torna padrão de futuras peregrinações por outros desertos, à conquista da liberdade e da esperança.” (p.135)

Na longa peregrinação pelo deserto, Israel é levado a reconhecer o Senhor como o protagonista da sua história. Nas muitas provas que sofre, é sempre Deus quem age e dá solução aos seus dramas: transforma a água salobra em água potável (Ex 15, 22-27), envia o maná como alimento (Ex 16), faz brotar água da rocha (Ex 17,1-7), garante a vitória sobre os seus inimigos (Ex 17, 8-16), e faz Moisés reencontrar com a sua família (Ex 18, 1-22).

Como Jetro, podemos, então, exclamar: “Bendito seja o Senhor, que vos livrou do poder dos egípcios e do Faraó. Agora sei que o Senhor é o maior de todos os deuses, pois, quando vos tratavam com arrogância, o Senhor liberta o povo do domínio egípcio.” (Ex 18,11).

No encontro de Jetro com Moisés é importante ressaltar o fato de que o que podia ter acabado num relato de viagem toma a forma de um ato litúrgico “quase como proto-eucaristia”, como observa Schökel no comentário ao texto, na Bíblia do Peregrino. Jetro é apresentado como “sacerdote de Madiã” (18,1). O Lugar é “o monte de Deus” (5), o oficiante é o próprio Jetro, que faz a memória (anamnese) de fatos como ações divinas: “tudo quanto fez Deus/o Senhor” (1.8.9); que se traduz em exultação e benção = ação de graças (Eucaristia), por “todos os benefícios...” bendito Yhwh (9-10); num sacrifício e banquete sagrado (comunhão), “na presença de Deus” (12).

Ao fazermos nós a leitura desses capítulos, o fazemos à luz do Mistério da Páscoa de Jesus Ressuscitado. Os evangelistas falam dos êxodos praticados por Jesus: quando sobe decididamente a Jerusalém a fim de sofrer a Paixão (cf. Lc 9,51) e quando entra no mistério da sua Paixão passando deste mundo para o Pai, depois de ter amado os seus até o fim (cf. Jo 13,1).

Sem retirar o valor que tem o relato do Êxodo para as comunidades que percorrem, ainda hoje, os caminhos do deserto esperando alcançar a Terra Prometida, onde a liberdade e a vida plena sejam garantidas para sempre, compreendemos que o êxodo que devemos percorrer é o mesmo que percorreu Jesus, a fim de passar com Ele, da morte para a vida!

Israel encontra-se com o Deus que o fortalece na esperança, que o educa na fé e na confiança, que espera dele um culto que seja não só rito, mas também vida, expressão da fidelidade à Aliança (cf. Ex 15, 26). Nós também encontrando-nos com Jesus, vemos que as exigências que Ele faz aos seus discípulos (Mt 5-7) não são menores daquelas que Deus dá a seu povo na caminhada do deserto, ao revelar-lhes o Reino, cuja exigência é um culto “em espírito e vida” (cf. Jo 4,23).

Na “liturgia” de Jetro não é difícil vislumbrar um anúncio e profecia da Eucaristia, memorial da Nova e Eterna Aliança.  Hoje, ao redor da mesa eucarística, fazemos também nós a experiência do encontro com o Senhor que liberta, que não dá somente água e pão para o seu povo, mas o Corpo e o Sangue do seu Filho, garantia da Páscoa definitiva, quando  Deus será tudo em todos!

Nos muitos desertos do nosso tempo, somos convidados pelas palavras do Êxodo a experimentar o Deus próximo que ouve o clamor do seu povo e vê os seus sofrimentos (Ex 3,7-9), e envia o seu Filho para ser um “novo Moisés” a conduzir-nos à Terra Prometida, da justiça e da paz!

“Existem tantas formas de deserto. Há o deserto da pobreza, o deserto da fome e da sede, o deserto do abandono, da solidão, do amor destruído. Há o deserto da obscuridão de Deus, do esvaziamento das almas que perderam a consciência da dignidade e do caminho do homem. Os desertos exteriores multiplicam-se no mundo, porque os desertos interiores tornaram-se tão amplos. Por isso, os tesouros da terra já não estão ao serviço da edificação do jardim de Deus, no qual todos podem viver, mas tornaram-se escravos dos poderes da exploração e da destruição. A Igreja no seu conjunto, e os pastores nela, como Cristo, devem pôr-se a caminho, para conduzir os homens fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o Filho de Deus, para aquele que dá a vida, a vida em plenitude” (BENTO XVI, Homilia, 24-04-2005).

Valem para nós as palavras de Isaías: “O deserto e o ermo se regozijarão, a estepe florescerá de alegria... Fortalecei as mãos fracas, robustecei os joelhos vacilantes. Dizei aos covardes: Sede fortes, não temais, olhai o vosso Deus, que traz a desforra, vem em pessoa, ele vos ressarcirá e vos salvará.” (Is 35,1a,3-4).

Caminhamos no deserto, confiantes que um dia ele se transformará em jardim, certos de que toda amargura cederá lugar à verdadeira alegria.


Dom Milton Kenan Junior
Bispo Auxiliar de São Paulo
Vigário Episcopal para a Região Brasilândia




OLHAR EPISCOPAL - EDIÇÃO 11
FAMÍLIA, PESSOA E SOCIEDADE
por dom Milton Kenan Junior
Estamos em plena Semana Nacional da Família (SNF), celebrada pela Igreja do Brasil. Quantas comunidades, constituídas por milhares de famílias, reúnem-se para refletir, rezar, pensar a vida e a missão da família, diante dos desafios que a realidade em que vive lhe impõe.

O tema “Família, Pessoa e Sociedade” da SNF 2011 sugere alguns aspectos que merecem nossa atenção e nossa abordagem durante esta Semana, e a partir dela, nos muitos encontros e atividades, que se realizam no decorrer do ano, relacionados à vida e missão das famílias.

A Família, podemos afirmar em primeiro lugar, é a promotora da dignidade e felicidade das pessoas. Quando jovem, sempre ouvia de um tio muito querido uma história em que ele dizia, brincando, que à primeira vista a maior parte dos problemas que enfrentamos é gerada pela família: a difícil convivência entre pais e filhos, o relacionamento conjugal, o conflito das gerações, a manutenção do lar, a educação da prole etc. Entretanto, num olhar mais aprofundado não se pode negar, afirmava ele mais seriamente, as maiores alegrias também as encontramos na família: a alegria da paternidade e maternidade com a chegada dos filhos, a cumplicidade do casal que ao longo dos anos amadurece-os fazendo crescer na unidade de vida e de amor, a superação dos conflitos e a presença solidária que a Família oferece no momento em que cada um tem que enfrentar o sofrimento, a enfermidade e a morte.

Sim, a Família é Dom preciso e indispensável à nossa felicidade e a nossa realização! É nela que aprendemos a ser gente, e gente feliz! Por mais que queiram afirmar o contrário, até hoje nenhuma outra instituição foi capaz de fazer o que a Família faz! Há falhas, limites, contradições? Sem dúvida! Embora de natureza divina, a Família é uma realidade humana, histórica, e por isso passível de falhas e contrastes! Mas ninguém melhor do que a Família cumpre o papel de formar e educar para a vida. Investir na Família é assegurar uma sociedade mais feliz!

Há poucos dias, ouvia no noticiário de uma grande radio da cidade São Paulo que em alguns países, hoje, há um grande interesse em sustentar e apoiar projetos sociais, cujos recursos e custos ficam muito abaixo do que os despendidos em instituições de reeducação e correção, cujos efeitos nem sempre correspondem aos recursos aplicados. Por que não investir na Família, se os fatos comprovam que Família apoiada e equilibrada gera cidadãos de bem, capazes de manter a qualidade de vida da sociedade que vivemos?

Num outro dia, eu ouvia também alguém dizer que nas muitas vezes que esteve na Fundação Casa, que acolhe adolescentes e jovens infratores, nunca encontrou um jovem ali que tenha sido assistido pela Pastoral da Criança, ou seja, dificilmente alguém que tenha uma família constituída e amparada irá enveredar por caminhos do crime e da delinquência.

A Igreja não se cansa de dizer da importância da missão da Família no mundo de hoje! O Beato Papa João Paulo II já disse: “O futuro de humanidade passa pelo futuro da Família”!

Em junho passado, na sua visita à Croácia, o papa Bento XVI dedicou à Família um dos seus discursos, publicado pelo Jornal L’Osservatore Romano em 11 de  junho deste ano com o título: “Famílias abertas à vida recurso para o futuro”. Entre muitas afirmações importantes, o papa faz um grande apelo às famílias: “Mostrai com o vosso testemunho de vida que é possível amar, como Cristo, sem reservas, que não é preciso ter medo de assumir um compromisso com outra pessoa. Queridas famílias, alegrai-vos com a paternidade e a maternidade! A abertura à vida é sinal de abertura ao futuro, de confiança no futuro, tal como o respeito da moral natural, antes que mortificar a pessoa, liberta-a. O bem da Família é igualmente o bem da Igreja.”

Falar da importância da Família à sociedade é reconhecer que a convivência pacífica e harmoniosa entre nações, povos e indivíduos exige valorizar e investir na Família. Não são poucos os desafios que a família enfrenta e que dificulta a realização da sua missão: desde a mentalidade caracterizada por um nefasto relativismo que solapa convicções e compromete a sua harmonia e sustentabilidade, patrocinando formas estereotipadas de convivência, o controle da natalidade, a destruição de lares.

Merecem também a nossa atenção aquelas situações que colocam em risco a sobrevivência de muitas famílias: a falta de saneamento básico, o difícil acesso à escola, o numero reduzido de creches onde as famílias mais pobres podem colocar seus filhos, a fim de assegurar o acesso ao trabalho; as condições desumanas dos lares, muitas vezes construídos em locais de risco; a falta de assistência e acompanhamento médico e unidades hospitalares nos bairros mais pobres, a ausência de políticas publicas que garantam às famílias recursos para a geração de renda e preservação dos valores culturais e religiosos que possuem.

O empenho pela Família exige de nós também a consciência da responsabilidade da Igreja em formar verdadeiras famílias cristãs. E, certamente, esse será o contributo mais precioso que a Igreja pode oferecer à Família e à sociedade do nosso tempo. O papa Bento XVI no mesmo discurso, acima citado, diz: “Cada um bem sabe como a família cristã é um sinal especial da presença e do amor de Cristo e como está chamada a dar uma contribuição específica e insubstituível para a evangelização.”

Hoje, não são poucas as famílias que no interior da Igreja, através de muitas associações, movimentos e pastorais, procuram conhecer, crescer e vivenciar a sua fé. Elas, por sua vez, são o testemunho mais bonito da vitalidade da Igreja e, ao mesmo tempo, oferecem ao mundo o mais precioso serviço capaz de manter vivo o amor, fundado na verdade e na alegria de viver em comunhão!

Amemos nossas famílias! Delas depende nosso futuro! Elas são para nós um dos mais eloquentes testemunhos da esperança que, como diz o poeta, embora entre as irmãs fé e caridade seja a mais pequena é a que tem a força de arrastar consigo as irmãs que a acompanham!

Dom Milton Kenan Junior
Bispo Auxiliar de São Paulo
Vigário Episcopal para a Região Brasilândia








OLHAR EPISCOPAL - EDIÇÃO 10
ANUNCIAR A PALAVRA QUE GERA A VIDA

 

por dom Milton Kenan Junior

“O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos, e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida - porque a Vida manifestou-se: nós a vimos e dela vos damos testemunhos e vos anunciamos...” (1Jo 1,1-2a).

A cada ano, o mês de agosto é acolhido pela Igreja no Brasil como um tempo privilegiado para despertar nas comunidades o interesse, o compromisso, o apoio e a oração pelas vocações sacerdotais, religiosas e missionárias.

São muitas as iniciativas para criar a tão almejada “mística” ou “cultura vocacional”; ou seja, a sensibilidade tão necessária à ação do Espírito Santo que abre corações e mentes à voz de Deus, que não se cansa de chamar o seu povo, cada um dos seus filhos, aos mais diversos ministérios e serviços, para tornar realidade o Reino anunciado por Jesus, cujas parábolas ouvimos nestas últimas semanas, nas eucaristias dominicais.

Tenho em mãos o farto material produzido pelo Serviço de Animação Vocacional da Arquidiocese de São Paulo, enviado no formato PDF para todas as paróquias da Arquidiocese, pelo padre Messias de Moraes Ferreira. Os que se interessarem poderão solicitá-lo do próprio padre Messias (cvasp@uol.com.br), pois tratam-se de orientações e sugestões práticas e valiosas para tornar o mês de agosto um tempo de maior sensibilidade ao Deus que chama!

O tema sugerido, neste ano, à nossa reflexão e oração é “Anunciar a Palavra que gera a vida”, com o lema “Eu vim para que todos tenham vida” (Jo 10,10).

São sugestivas as palavras do papa Bento XVI no inicio da Exortação Apostólica “Verbum Domini”: “Num mundo que frequentemente sente Deus como supérfluo ou alheio, confessamos como Pedro que só Ele tem “palavras de vida eterna” (Jo 6,68). Não existe prioridade maior do que esta: reabrir ao homem atual o acesso a Deus, a Deus que fala e nos comunica o seu amor para que tenhamos vida em abundância (cf. Jo 10,10).” (VD 2).

Ainda no mesmo documento, Bento XVI dizendo da relação entre a Palavra de Deus e as vocações, afirma que “quanto mais aprofundarmos a nossa relação pessoal com o Senhor Jesus, tanto mais nos damos conta de que Ele nos chama à santidade, através de opções definitivas, pelas quais a nossa vida responde ao seu amor, assumindo funções e ministérios para edificar a Igreja” (VD 77).

A Palavra de Deus contida na Escritura pode ser compreendida como o relato de muitos chamados. No relato da criação (Gn 1, 1 - 27) vemos uma sucessão de “Deus disse...” “Deus fez...” Deus chamou”, revelando-nos o apelo divino que chama todas as coisas à existência, transformando o ‘caos’ em ‘jardim’, onde o homem e a mulher são colocados como Sua obra-prima. Emblemático é o chamado de Abraão (cf. Gn 12, 1-3), destinatário da benção e da promessa divinas, chamado a andar na presença do Senhor e viver na perfeição (cf. Gn 17,1). O que outrora lamentava a sua esterilidade, torna-se pai de uma multidão de filhos, semelhantes a areia do mar e as estrelas do céu (cg. Gn 15,2-6).

Não menos significativo é o chamado que Deus dirige a Moisés (cf. Ex 3, 7-12) para salvar o seu povo da escravidão do Egito e conduzi-lo à terra prometida. Nos profetas, porém, o chamado assume conotações de uma simplicidade e profundidade impressionantes (cf. Is 6, 1-8; Jr 1, 4-10). Mas é em  Jesus, o chamado por excelência (cf. Hb 10,5-10), que a vocação alcança seu sentido e profundidade exemplares!

Na lógica da Palavra de Deus, todo o que é chamado tem a missão de chamar! Acompanhando os vários chamados, sobretudo os primeiros discípulos de Jesus, não é difícil constatar que os que se encontravam com o Mestre, sentiam-se impulsionados a levar outros ao encontro com Ele, a fazer sua a experiência que eles próprios faziam. Assim aconteceu com André (cf. Jo 1,40s) e com Filipe (cf. Jo 1,45s)! É a dinâmica de toda vocação!

Não sei se não me engano ao dizer, mas creio que o critério para discernir todo chamado é o compromisso em chamar outros ao seguimento de Jesus. O Documento de Aparecida afirma: “quando cresce no cristão a consciência de pertencer a Cristo, em razão da gratuidade e alegria que produz, cresce também o ímpeto de comunicar a todos o dom desse encontro” (DAp 145).

São muitas as maneiras e ocasiões para “chamar” e, são tantas também os modos como podemos transmitir o chamado aos que nos cercam. Desde situações corriqueiras como o convívio no lar, uma visita à escola, um momento de diversão com os amigos. Todas as ocasiões podem se transformar em oportunidade para semear no coração dos que estão ao nosso lado o interesse pelo Evangelho, o desejo de uma amizade mais intensa com Cristo, a disponibilidade para servir aqueles que ninguém quer servir, por Cristo e em Seu Nome, o desejo de se fazer dom à comunidade, assumindo o próprio lugar nela.

Mas também são muitos os modos como podemos transmitir o chamado do Mestre, considerando que o mais importante será sempre o testemunho de uma vida fundada no Evangelho! Nossas palavras tornam-se eloquentes, nossos convites irresistíveis se forem acompanhados de compromisso sério com o Senhor e fidelidade à sua Palavra; se, nossa vida, muitas vezes pobre e escondida, estiver tecida pelo fio de “uma fé direita, uma esperança certa, uma caridade perfeita”, como pede São Francisco ao Crucificado, capaz de levar ao “senso e conhecimento [de Deus]” no cumprimento da sua vontade.

Anunciar a Palavra que gera a vida é compromisso de todo chamado! “Chamados para Chamar!” “Evangelizados para Evangelizar!” “Discípulos-Missionários!” A Palavra percorre entre nós o Seu Caminho querendo gerar entre nós alegria e entusiasmo na Missão, compromisso com o Reino! Ouvintes, praticantes, anunciadores, testemunhas da Palavra é o que nos tornará verdadeiramente comprometidos com o surgimento de vocações genuínas e autênticas na Igreja!

Dom Milton Kenan Junior
Bispo Auxiliar de São Paulo
Vigário Episcopal para a Região Brasilândia

 

DOM MILTON

Olhar Episcopal - Dom Milton

OLHAR EPISCOPAL - EDIÇÃO 09 A PALAVRA DE ORDEM É PARTICIPAÇÃO



OLHAR EPISCOPAL - EDIÇÃO 09
A PALAVRA DE ORDEM É PARTICIPAÇÃO
Dom Milton Kenan Junior                                  
No texto das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil, os bispos, tratando das perspectivas de ação das urgências da ação evangelizadora, sugerem: “Incentive-se cada vez mais a participação social e política dos cristãos leigos e leigas nos diversos níveis e instituições, promovendo-se a formação permanente e ações concretas. Incentive-se a participação, ativa e consciente, nos Conselhos de Direitos. Quer promovendo, quer se unindo a outras iniciativas, incentive-se a participação em campanhas e outras iniciativas que busquem efetivar, com gestos concretos, a convivência pacífica, em meio a uma sociedade marcada por violência, que banaliza a vida” (DGAE 2011-2015, n. 107).
Entre nós, na Arquidiocese de São Paulo, atendendo a um apelo de nosso arcebispo dom Odilo Pedro Scherer, desde o início deste ano, desencadeia-se um processo de formação e articulação dos candidatos aos Conselhos Tutelares da Criança e do Adolescente, cujas eleições deverão ocorrer no próximo dia 17 de agosto.
Alguns passos importantes foram dados: em primeiro lugar, foi constituída uma equipe de articulação em defesa da criança e adolescente, formada por membros da Pastoral da Criança, Pastoral Fé e Política, Pastoral do Menor, do CLASP e Pastoral da Juventude; foi promovido um primeiro encontro, no dia 2 de abril, no Centro Pastoral São José (Belém) com um significativo número de representantes das seis regiões episcopais, e das dioceses de Santo Amaro, Campo Limpo e São Miguel, quando foram elencadas várias propostas para a formação e articulação dos candidatos aos conselhos tutelares; no dia 14 de abril, realizou-se na Câmara Municipal de São Paulo uma audiência pública promovida pela equipe acima mencionada e pela Comissão de Defesa da Criança e Adolescente da Câmara Municipal de São Paulo.

No próximo sábado, 21 de maio, esperamos reunir novamente os candidatos das seis regiões episcopais, ligados às paróquias e comunidades da Arquidiocese, com a finalidade de se traçar um planejamento de ações a partir das propostas do encontro do dia 2 de abril, ou seja:

1. Realizar um encontro para todos os candidatos da Arquidiocese de São Paulo, a fim de se conhecer os candidatos e para que eles possam conscientizar-se das expectativas que a Igreja tem sobre eles;

2. Criar espaços para formação dos candidatos por região ou diocese (Santo Amaro, Campo Limpo e São Miguel);

3. Elaborar um material formativo/informativo para todas as paróquias, comunidades e entidades católicas;

4. Motivar, sensibilizar para as equipes regionais ou diocesanas se organizarem.

Considerando a importância do momento e os passos dados para articular, preparar, animar e fortalecer os candidatos das regiões episcopais para participarem do processo de escolha dos membros dos Conselhos Tutelares de 2011, acreditamos que será importante conscientizar e sensibilizar nossas comunidades para participar da eleição dos conselhos tutelares, através da divulgação mais ampla possível do folder formativo e informativo que chegará nas próximas semanas às paróquias e comunidades de nossa Arquidiocese; oferecer oportunidade para que os candidatos católicos, membros das paróquias, e comprometidos com a promoção das crianças e adolescentes, possam apresentar-se as comunidades para ouvir suas expectativas e propostas e ao mesmo tempo apresentar seus compromissos de atuação.

Será importante, também, desencadear um processo de escolha e acompanhamento efetivos desses candidatos de forma que, periodicamente, possam encontrar-se com as lideranças das comunidades para informá-las e sensibilizá-las para a realidade muitas vezes cruel em que vivem as crianças e adolescentes em situação de risco e, ao mesmo tempo, fazer uma “prestação de contas” das ações viabilizadas pelos conselhos tutelares.

Dentro deste processo, será necessário lembrar de tempos em tempos àqueles candidatos que se elegerem que “é imprescindível que o discípulo se fundamente no seguimento do Senhor que lhe concede a força necessária, não só para não sucumbir diante das insídias do materialismo e do egoísmo, mas para construir ao redor dele um consenso moral sobre os valores fundamentais que tornam possível a construção de 0uma sociedade justa” (DA 506).

Será de grande valor que o acompanhamento dado aos candidatos neste período que antecede a eleição para os Conselhos Tutelares de 2011, perdure e continue após as eleições de tal forma que possam sentir-se sempre animados pelos valores evangélicos nas suas atitudes e, possam tornar realidade o fato de “que é a vocação fundamental da Igreja neste setor formar as consciências, ser advogada da justiça e da verdade e educar nas virtudes individuais e políticas” (DA 508).

A palavra de ordem é participar! Prevê-se para o próximo dia 18 de junho um Fórum de Discussão e Debate sobre a participação nos Conselhos Tutelares, com a presença inclusive do Ministério Público. Não deixemos de medir esforços em participar, lembrando-nos sempre que as grandes causas se fazem com pequenas ações, que a conquista de uma sociedade justa e fraterna exige de nós fé profunda, compromisso efetivo com a comunidade que nos anima e sustenta, santidade e coerência de vida, e disponibilidade em participar!

Dom Milton Kenan Junior
Bispo Auxiliar de São Paulo
Vigário Episcopal para a Região Brasilândia






OLHAR EPISCOPAL - EDIÇÃO 08
É PÁSCOA!por dom Milton Kenan Junior




Após quarenta dias de intensa preparação, toda a Igreja, revivendo a Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, celebra o Mistério Pascal, ou seja, a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, a passagem da Morte para a Vida!

Na vitória de Cristo sobre o mal e a morte está o centro da vida cristã, pois é nela que encontramos a garantia da nossa fé, pois como nos diz o Apóstolo São Paulo: “se Cristo não ressuscitou vazia é a nossa pregação, vazia também é a nossa fé.” (1Cor 15,14); o incentivo para a nossa esperança, pois na Ressurreição de Jesus temos uma amostra do que Deus tem preparado para aqueles que o amam (cf. 1Cor 2,9) e, enfim, o alento para a nossa caridade: “Quem não poupou o seu próprio Filho e o entregou por todos nós, como não nos haverá de agraciar em todo junto com ele?” (Rm 8,32)

Caminhar à luz da Páscoa é o convite que a Igreja faz aos seus filhos, a cada ano com a celebração dos Mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição; mas também a cada semana quando da Páscoa semanal, que ocorre a cada domingo, quando reunidos ao redor da mesa da Palavra e da Eucaristia, “anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressureição”.

A luz que decorre da Páscoa ilumina toda a nossa vida! Tudo se transfigura! Tudo recebe e alcança um novo sentido. “Se alguém está em Cristo, é nova criatura. Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez realidade nova. Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo por Cristo.” (2Cor 5, 17-18a) No Cristo Ressuscitado, recebemos “graça sobre graça” (Jo 1,16); é Ele a nossa Páscoa (cf. 1Cor 5,7); que nos faz passar do “reino das trevas” para o seu Reino, “no qual temos redenção – a remissão dos pecados” (Col 1,13).

Em Cristo Ressuscitado mudam-se os critérios de valor e de importância! Iludem-se os prepotentes deste mundo, os astuciosos e os violentes. Enganam-se os que se deixam corromper e arrastar pela sede insaciável do consumo e do lucro, pautando suas vidas pela mídia enganosa e interesseira que se enveredam pelos caminhos da arrogância que determina que alguns possam desperdiçar enquanto outros não têm com que viver. Cumpriu-se o que a Virgem cantou na aurora da salvação: “Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso, depôs poderosos de seus tronos, e a humildes exaltou. Cumulou de bens a famintos e despediu ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia.” (Cf. Lc 1, 51-54).

Páscoa é anúncio e tempo de vida nova! Vida brotada da Cruz do Senhor, daquele peito que fora transpassado pelo soldado, donde jorrou sangue e água (cf. Jo 19, 33-35), sinal do eterno amor de Deus pelos homens, revelado no seu Filho Jesus Cristo. Vida iluminada pelo AMOR: “Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Aquele que não ama permanece na morte.” (1Jo 3,14).

Celebrar a Páscoa é confessar diante de Deus e diante do mundo que o que importa doravante, é o amor. “Nisto manifestou o amor de Deus por nós: Deus enviou o Seu Filho único ao mundo, para que vivamos por ele. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele quem nos amou e enviou-nos seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados. Amados, se Deus assim nos amou, devemos, nós tambem, amar-nos uns aos outros.” (1Jo 4, 9-11).

A cada ano, quando celebramos a Páscoa do Ressuscitado, reunindo-nos ao redor da mesa eucarística, Deus repete aos nossos ouvidos: o que importa é o amor!, pois “o que ama o seu irmão permanece na luz, e nele não há ocasião de queda.” (1Jo 2,10) Se nos falta o amor, falta-nos tudo. Sem amor nossas obras são trevas.

O Santo Padre Bento XVI, na homilia da Missa da Ceia do Senhor, na noite da Quinta-feira Santa deste ano, aludindo as parábolas sobre os banquetes, na qual se fala dos “lugares vazios” e da “veste nupcial”, cita São Gregório Magno que numa de suas homilias perguntava-se: “Que gênero de pessoas são aquelas que vêm sem hábito nupcial? Em que consiste este hábito e como se pode adquiri-lo?” Eis a sua resposta: “Aqueles que foram chamados e vêm, de alguma maneira têm fé. É a fé que lhes abre a porta; mas falta-lhes o hábito nupcial do amor. Quem não vive a fé como amor, não está preparado para as núpcias e é expulso. A comunhão eucarística exige a fé, mas a fé exige o amor, caso contrário, está morta, inclusive como fé.”.

Decidir-se pelo amor é compromisso pascal! É o convite que o Ressuscitado nos faz! Não fazer da Páscoa apenas um rito, uma lembrança do passado, uma liturgia solene! Tudo isso é importante, mas não é suficiente para que se dê a Páscoa! A Páscoa é mais do que um rito e uma lembrança! É preciso revestir nossas liturgias e nossa vida do verdadeiro amor, do amor do Ressuscitado, cujo amor consistiu em dar a vida pelos seus amigos (cf. Jo 15,13) para que sejam, de fato, expressão da Páscoa do Ressuscitado, da nossa Páscoa de cristãos!

Ao desejar-nos feliz ou santa Páscoa, lembremo-nos de Cristo, nossa Páscoa, cujo amor não foi só de palavras, mas traduziu-se em obras e, que nos convida a fazer o mesmo que Ele fez!

Dom Milton Kenan Junior
Bispo Auxiliar de São Paulo
Vigário Episcopal para a Região Brasilândia






OLHAR EPISCOPAL - EDIÇÃO 07
UMA ESPIRITUALIDADE ECOLÓGICA
por dom Milton Kenan Junior
O tema da CF-2011 “Fraternidade e Vida no Planeta” nos permite refletir sobre a espiritualidade com uma feição ecológica. De início, poderíamos nos perguntar: “mas será possível falar numa espiritualidade ecológica?”; e “que sentido tem a espiritualidade para a vida do planeta?”.

Não deveria nos estranhar o alcance ecológico da espiritualidade; afinal, já na primeira página da Bíblia, vemos quanta afinidade há entre o Espírito e a Criação (cf. Gn 1,2). Falar da Criação, da Vida no Planeta exige que pensemos na ação do Espírito, a quem o Símbolo Niceno-Constantinopolitano professa como “Senhor que dá a vida”.
Quando descreve a ação do Espírito, a Palavra de Deus não só fala da sua ação nos profetas e na vida dos cristãos, mas fala da sua ação pelo universo. O livro dos Provérbios referindo-se à Sabedoria, a compara primeiramente ao mestre de obra que acompanha o trabalho da Criação; e depois a uma menina pequena que brinca no jardim, entre as flores e plantas, alegrando-se por estar entre os homens (cf. Pr 8,22).
Os salmos, ao mesmo tempo que descrevem a beleza do criado, nos falam do sopro divino que cria, sustenta, mantém a criação e renova a face da terra (cf. Sl 104, 30).
Partindo, portanto, das escrituras, a espiritualidade tem uma forte conotação ecológica: na Criação, os autores bíblicos são capazes de reconhecer os “vestígios” do Criador, os sinais da sua presença e da sua ação pelo mundo.
Neste sentido, são eloquentes as palavras de São João da Cruz: “Deus criou todas as coisas com grande facilidade e rapidez, deixando nelas um rastro de quem ele é. Não somente lhes tirou o ser do nada, mas dotou-as de inúmeras graças e virtudes, aformoseando-as com admirável ordem e indefectível dependência entre si. Tudo isto fez por meio da sua Sabedoria, com a qual as criou, e esta é o Verbo, seu Unigênito Filho” (Cântico 5,1).
Uma primeira característica da espiritualidade com conotação ecológica é justamente a admiração, o maravilhamento e estupor que brotam da contemplação da ação criadora de Deus, pois no dizer de São João da Cruz, “as criaturas são, na verdade, como um rastro da passagem de Deus, em que se vislumbram sua magnificência, poder, sabedoria e outras virtudes divinas” (Cântico 5,3); e ainda: “nas criaturas, vê a alma a grandeza e excelência do Criador, segundo as palavras do Apóstolo: ‘As coisas invisíveis de Deus tornam-se conhecidas à alma pelas coisas visíveis e criadas’ (Rm 1,20)” (Cântico 4,1).
O Texto-base da CF-2011 nos apresenta São Francisco de Assis como “modelo para os que buscam uma relação mais qualitativa em relação às criaturas.” (n° 189).  No Cântico das Criaturas, que o Texto-base reproduz (cf. n.197), Francisco nos ajuda a compreender que tudo na criação e no próprio homem aponta para Deus, tudo fala dele e o revela, embora nada possa encerrá-lo ou contê-lo.
É só a este Deus que convém o louvor, fruto de um reconhecimento maravilhado e cheio de entusiasmo, pois todas as criaturas revelam algo de sua glória fulgurante.
À todas as criaturas, Francisco chama de irmã, irmã e mãe. Para ele, entre todos os seres há como um parentesco. Todos os seres são formados da mesma matéria misteriosa e provêm do mesmo impulso criador.
O Cântico conclui-se passando dos objetos para o homem. Não o homem na sua beleza e sua força, mas o homem ferido pela ofensa, atingido pela doença e pela angustia, entregue às garras da morte, da qual ninguém pode escapar.
Estas ultimas estrofes revelam bem que é do coração de um homem ferido que brota o cântico de louvor. Conclui-se que o louvor de Deus pode brotar tanto da contemplação da ordem admirável do criado quanto do mais profundo do sofrimento humano, quando se compreende e se aceita seu sentido oculto. É a todas as situações que se aplica o convite da última estrofe: Louvai e bendizei meu Senhor, daí-lhe graças e servi-o com grande humildade.
Da contemplação da Criação e do maravilhamento diante dos “vestígios” do Criador, o Espírito nos conduz à ética do cuidado e da proteção. O Texto-base fala da ética do cuidado (n. 94-95). Tratando do cuidado, o Texto-base fala, citando Frei Antonio Moser, que ele é “essência do ser humano”.
É próprio do cuidado, continua o Texto-base, “não criar dependência, mas respeitar a identidade dos demais, como a peculiar maneira de ser e de existir de cada um dos demais seres. O cuidado deve também inspirar a preocupação e atitudes que cooperem com o crescimento do outro. O que será possível só em quem se encontra imbuído do amor, de quem está pronto para a doação.” (n. 184-186).
Podemos, então, concluir que uma espiritualidade com sentido ecológico é possível a partir da nossa sensibilidade para com o Espírito, “Senhor que dá a vida”; quando somos capazes de ver na beleza das criaturas um reflexo da beleza do Criador, quando da contemplação geramos compromisso com a obra criadora.
A nossa abertura a ação do Espírito deve levar-nos ao cuidado com o planeta. Irmãos e irmãs de todas as criaturas lembremos de que da existência de uns dependem os outros!