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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

FAMÍLIA, PESSOA E SOCIEDADE

OLHAR EPISCOPAL - EDIÇÃO 11
FAMÍLIA, PESSOA E SOCIEDADE

por dom Milton Kenan Junior
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Estamos em plena Semana Nacional da Família (SNF), celebrada pela Igreja do Brasil. Quantas comunidades, constituídas por milhares de famílias, reúnem-se para refletir, rezar, pensar a vida e a missão da família, diante dos desafios que a realidade em que vive lhe impõe.

O tema “Família, Pessoa e Sociedade” da SNF 2011 sugere alguns aspectos que merecem nossa atenção e nossa abordagem durante esta Semana, e a partir dela, nos muitos encontros e atividades, que se realizam no decorrer do ano, relacionados à vida e missão das famílias.

A Família, podemos afirmar em primeiro lugar, é a promotora da dignidade e felicidade das pessoas. Quando jovem, sempre ouvia de um tio muito querido uma história em que ele dizia, brincando, que à primeira vista a maior parte dos problemas que enfrentamos é gerada pela família: a difícil convivência entre pais e filhos, o relacionamento conjugal, o conflito das gerações, a manutenção do lar, a educação da prole etc. Entretanto, num olhar mais aprofundado não se pode negar, afirmava ele mais seriamente, as maiores alegrias também as encontramos na família: a alegria da paternidade e maternidade com a chegada dos filhos, a cumplicidade do casal que ao longo dos anos amadurece-os fazendo crescer na unidade de vida e de amor, a superação dos conflitos e a presença solidária que a Família oferece no momento em que cada um tem que enfrentar o sofrimento, a enfermidade e a morte.

Sim, a Família é Dom preciso e indispensável à nossa felicidade e a nossa realização! É nela que aprendemos a ser gente, e gente feliz! Por mais que queiram afirmar o contrário, até hoje nenhuma outra instituição foi capaz de fazer o que a Família faz! Há falhas, limites, contradições? Sem dúvida! Embora de natureza divina, a Família é uma realidade humana, histórica, e por isso passível de falhas e contrastes! Mas ninguém melhor do que a Família cumpre o papel de formar e educar para a vida. Investir na Família é assegurar uma sociedade mais feliz!

Há poucos dias, ouvia no noticiário de uma grande radio da cidade São Paulo que em alguns países, hoje, há um grande interesse em sustentar e apoiar projetos sociais, cujos recursos e custos ficam muito abaixo do que os despendidos em instituições de reeducação e correção, cujos efeitos nem sempre correspondem aos recursos aplicados. Por que não investir na Família, se os fatos comprovam que Família apoiada e equilibrada gera cidadãos de bem, capazes de manter a qualidade de vida da sociedade que vivemos?

Num outro dia, eu ouvia também alguém dizer que nas muitas vezes que esteve na Fundação Casa, que acolhe adolescentes e jovens infratores, nunca encontrou um jovem ali que tenha sido assistido pela Pastoral da Criança, ou seja, dificilmente alguém que tenha uma família constituída e amparada irá enveredar por caminhos do crime e da delinquência.

A Igreja não se cansa de dizer da importância da missão da Família no mundo de hoje! O Beato Papa João Paulo II já disse: “O futuro de humanidade passa pelo futuro da Família”!

Em junho passado, na sua visita à Croácia, o papa Bento XVI dedicou à Família um dos seus discursos, publicado pelo Jornal L’Osservatore Romano em 11 de  junho deste ano com o título: “Famílias abertas à vida recurso para o futuro”. Entre muitas afirmações importantes, o papa faz um grande apelo às famílias: “Mostrai com o vosso testemunho de vida que é possível amar, como Cristo, sem reservas, que não é preciso ter medo de assumir um compromisso com outra pessoa. Queridas famílias, alegrai-vos com a paternidade e a maternidade! A abertura à vida é sinal de abertura ao futuro, de confiança no futuro, tal como o respeito da moral natural, antes que mortificar a pessoa, liberta-a. O bem da Família é igualmente o bem da Igreja.”

Falar da importância da Família à sociedade é reconhecer que a convivência pacífica e harmoniosa entre nações, povos e indivíduos exige valorizar e investir na Família. Não são poucos os desafios que a família enfrenta e que dificulta a realização da sua missão: desde a mentalidade caracterizada por um nefasto relativismo que solapa convicções e compromete a sua harmonia e sustentabilidade, patrocinando formas estereotipadas de convivência, o controle da natalidade, a destruição de lares.

Merecem também a nossa atenção aquelas situações que colocam em risco a sobrevivência de muitas famílias: a falta de saneamento básico, o difícil acesso à escola, o numero reduzido de creches onde as famílias mais pobres podem colocar seus filhos, a fim de assegurar o acesso ao trabalho; as condições desumanas dos lares, muitas vezes construídos em locais de risco; a falta de assistência e acompanhamento médico e unidades hospitalares nos bairros mais pobres, a ausência de políticas publicas que garantam às famílias recursos para a geração de renda e preservação dos valores culturais e religiosos que possuem.

O empenho pela Família exige de nós também a consciência da responsabilidade da Igreja em formar verdadeiras famílias cristãs. E, certamente, esse será o contributo mais precioso que a Igreja pode oferecer à Família e à sociedade do nosso tempo. O papa Bento XVI no mesmo discurso, acima citado, diz: “Cada um bem sabe como a família cristã é um sinal especial da presença e do amor de Cristo e como está chamada a dar uma contribuição específica e insubstituível para a evangelização.”

Hoje, não são poucas as famílias que no interior da Igreja, através de muitas associações, movimentos e pastorais, procuram conhecer, crescer e vivenciar a sua fé. Elas, por sua vez, são o testemunho mais bonito da vitalidade da Igreja e, ao mesmo tempo, oferecem ao mundo o mais precioso serviço capaz de manter vivo o amor, fundado na verdade e na alegria de viver em comunhão!

Amemos nossas famílias! Delas depende nosso futuro! Elas são para nós um dos mais eloquentes testemunhos da esperança que, como diz o poeta, embora entre as irmãs fé e caridade seja a mais pequena é a que tem a força de arrastar consigo as irmãs que a acompanham!
 

Dom Milton Kenan Junior
Bispo Auxiliar de São Paulo
Vigário Episcopal para a Região Brasilândia

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