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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Os missionários de Emaús ABEL DIAS, Abril de 1998

O encontro com o Jesus ressuscitado, que os consolou enquanto caminhava e partilhava o pão, fez com que aqueles dois homens recuperassem a alegria. O que antes não tinha sentido e era motivo de tristeza e desalento agora é a razão da sua esperança.
Já ouviste falar da história dos discípulos de Emaús? Se não, convido-te a ler a página 32 desta revista.
A história daqueles dois homens é um relato da ressurreição de Jesus e da Sua aparição aos discípulos. Pessoalmente, sinto-me fascinado por esta narração do evangelista São Lucas, devido à riqueza e ao contraste das emoções que apresenta.
Temos dois discípulos de Jesus desorientados e abalados pelos acontecimentos que viveram e experimentaram recentemente e que, derrotados, voltam à sua terra natal. As esperanças que tinham foram desfeitas. Os planos de libertação que tinham sonhado e os projetos que vinham construindo ao longo dos vários anos que passaram com Jesus de Nazaré já não viriam a ser realidade. Tudo foi por água abaixo e a constatação da derrota venceu-os. Resta-lhes agora resignarem-se e voltarem cabisbaixos à vida normal, à vida que tinham antes, e continuarem a esperar pela vinda do Messias e da sua libertação.
Mas o encontro com o Jesus ressuscitado, que os consolou enquanto caminhava e partilhava o pão, fá-los recuperar a alegria e a esperança. O que antes não tinha sentido e era motivo de tristeza e desalento agora é a razão da sua alegria e esperança. O caminho que eles antes percorriam tristemente em direção a Emaús agora é percorrido alegremente e em direção a Jerusalém. A ânsia e a necessidade de partilharem com os amigos a enorme alegria que sentiram fá-los percorrer velozmente os onze quilómetros que separam Emaús de Jerusalém.
Qual foi a razão da mudança de sentimentos e comportamentos? Foi sem dúvida o terem reconhecido Jesus no meio deles enquanto ele partia o pão. Este gesto tão simples e muito comum entre eles abriu-lhes os olhos e eles puderam ver agora duma maneira clara a presença de Jesus ressuscitado nas suas vidas. Uma vez feita esta descoberta, eles até dão conta que já lhes ardia o coração enquanto ele caminhava com eles e lhes explicava as escrituras. Jesus, que antes os tinha desiludido com a sua morte, agora consola-os e encoraja-os com a sua aparição no meio deles. A alegria que brota deste encontro é razão mais que suficiente para partirem a toda a velocidade, alegres e contentes, a fim de anunciarem aos outros essa alegria.
Os discípulos de Emaús foram os primeiros missionários. Depois deles muitos outros continuaram e ainda continuam a percorrer alegremente tantos quilómetros para anunciarem a grande alegria que experimentaram no encontro com Jesus de Nazaré, morto e ressuscitado. Pode-se dizer mesmo que a característica comum a todos os missionários é a certeza de que a Boa Nova que eles vão anunciar fará mais felizes aqueles que a ouvirão e acreditarão nela. Foi convencidos disso que os discípulos de Emaús se dirigiram a toda a pressa para Jerusalém. E essa continua a ser a razão pela qual muitos missionários continuam a partir urgentemente para tantos longínquos países a fim de partilharem essa alegria com a gente que encontrarem.
Recentemente, um missionário amigo escreveu-me da missão onde se encontra o seguinte: «(...)Nós acreditamos que o Senhor, que é o Deus da História e do Mundo, não abandonará este povo tão sofredor e que tanto deseja a paz, mas pelo contrário caminha com ele em direção à autêntica e verdadeira paz e libertação. Pela nossa parte, resta-nos sermos alegres testemunhas de Deus no meio de um povo martirizado com tantos sofrimentos e provações. Preparamo-nos para mais um ano de atividades e, enquanto planeamos, eu sinto-me pequenino diante de tão grande “messe”, mas a mim compete-me somente semear (testemunhar e anunciar) alegremente a ressurreição de Jesus e a sua vitória sobre a morte e o sofrimento. Se Ele me mandou, sei que tomará conta de mim, pois Ele próprio prometeu acompanhar aqueles que enviou a proclamar a Boa-Nova»(...).
Estes são os novos e atuais missionários de Emaús. São os portadores de uma grande alegria. São pessoas que não se deixam vencer pelo desânimo nem pela aparente derrota, mas que testemunham com a própria vida a esperança e a alegria de ser discípulo de Jesus Cristo, morto e ressuscitado. Pessoas que reconheceram a presença de Jesus ressuscitado nas suas vidas e nas vidas dos seus irmãos e dispuseram-se livremente a partirem e a testemunharem, sem medos nem receios, essa presença. São pessoas que se alimentam da presença diária de Jesus Cristo, que à mesa lhes distribui o pão e os convida a fazerem o mesmo, em Sua memória. Ao repartirem o pão com os seus irmãos, essas pessoas continuam a atualizar a presença de Jesus no nosso mundo.
Os missionários do nosso tempo estão convencidos de que da sua disponibilidade para partirem depende a felicidade de muitos dos seus irmãos que ainda têm necessidade de ouvirem o anúncio da ressurreição. Nós iremos celebrar a Páscoa no próximo dia 12 de Abril, mas tenhamos consciência que muitos ainda não a celebram. Ainda continuam a viver no reino da morte, onde abunda o sofrimento e a dor, e esperam ansiosos o anúncio da libertação e da vitória sobre o que provoca tudo isto.
Será que também tu não poderias ser um portador e anunciador dessa alegria, que é para nós, cristãos, a presença de Jesus Cristo na nossa vida pessoal e comunitária? Vamos, pois, todos nós, depois de experimentarmos e celebrarmos a alegria da ressurreição de Jesus na nossa história pessoal e comunitária, colocar-nos a caminho e a levarmos esta alegre notícia aos mais longínquos recantos da terra, e especialmente àqueles que esperam ansiosamente por ela.
Ser missionário é, acima de tudo, ser portador de uma mensagem de esperança e de alegria, que, antes de ser anunciada, foi experimentada e vivida pessoalmente pelo portador. Foi assim com os missionários de Emaús, com tantos outros ao longo da história do cristianismo e continuará a ser com os “novos” missionários de Emaús.

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